Quando fui contactado para avaliar este leitor de bobines, tive um misto de curiosidade e receio. Estes aparelhos são autênticos pesadelos mecânicos devido à quantidade de peças e mecanismos presentes e complexos do ponto de vista eletrónico.
Este tem 4 solenóides e 4 relés que comandam os motores e seletores, vários sensores e micro-switches, tudo interligado com uma eletrónica com 40 anos.
Este Akai está muito bem desenhado e construído, chassi em metal assim como todas as peças que se movem, bem protegido em termos elétricos e pensado para ser mantido com relativa facilidade.
Tem duas placas principais, uma em cima montada de forma invertida, ou seja, com os componentes de “cabeça para baixo” e, por isso mesmo, os componentes apresentavam-se em excelente estado (os condensadores com valores acabados de sair de fábrica). Em contra partida o lado da soldadura estava obviamente suja, mas apenas com pó. A placa de baixo está montada de forma convencional, e toda ela estava impregnada com uma película de pó e uma espécie de resíduo oleoso que levou horas a limpar com álcool isopropílico, onde componentes como pequenas resistências e condensadores variáveis estavam com aquela substancia viscosa nas pistas e zonas sensíveis.
Ao verificar, os condensadores eletrolíticos desta placa apresentavam valores ESR no limite do aceitável, mas os mesmos condensadores Sanyo com valores idênticos da placa de cima estavam como novos. Penso que esta substância tenha provocado dano aos condensadores da placa de baixo (pré-amplificação), e por isso foram todos substituídos por condensadores de baixo ESR e em algumas partes do circuito com Audio Grade.
A placa de cima tem a fonte de alimentação, filtragem e toda componente de comando dos motores e solenóides.
Antes desta operação, foi retirado o condensador dos motores e foi avaliado, estando em perfeitas condições.
Depois procedeu-se à limpeza das partes mecânicas, retirar a massa lubrificante antiga e colocar nova em todos os pontos referenciados pelo manual de serviço.
Seguidamente foram avaliados todos os pontos de calibração e alinhamento das distâncias recomendadas dos motores e eixos, que se encontravam dentro das tolerâncias. As borrachas foram limpas com isopropílico e hidratadas com silicone em spray.
Chegámos às cabeças de leitura/gravação que estavam muito sujas e com resíduos de fita encrustados, e que conseguimos limpar graças a uma técnica apurada por experiência.
Todos os potenciómetros e seletores foram limpos várias vezes e lubrificados com os produtos apropriados e aqui tivemos de repetir esta operação até não apresentarem problemas. Os seletores que eram acionados por solenóides foram ressoldados com solda fresca (aliás todos os seletores foram revistos neste aspeto), tendo sido descobertas soldaduras partidas que criavam problemas intermitentes. Os botões foram ao banho de ultra-sons e os painéis limpos, fichas RCA limpas e colocado spray de contactos e foi colocada uma nova correia de transmissão para o contador.
Todos os fusíveis foram trocados e também os condensadores supressores da Rifa, conhecidos por explodirem (um tinha um furo e o outro estava rachado), e por isso está explicado o fumo que saiu do lado esquerdo, que parecia ser do motor.
O resultado final é audível numa melhoria enorme da qualidade de som, funcionamento mais suave e preparado para mais 40 anos.